"ASSOCIAÇÃO É FEITA PELOS CLUBES"

Alexandre Bernardo, antigo remador do CDUP, está a preparar uma lista para as eleições aos corpos gerentes da Associação de Remo do Distrito do Porto. Em entrevista ao NdR, o dirigente manifesta ambição, mas pede paciência e serenidade para desenvolver um bom trabalho.

NdR – O que deve ser e que objectivos deve ter uma Associação Regional?
Alexandre Bernardo (AB) – Uma Associação Regional deve, essencialmente, estar ao serviço do remo regional. Esse trabalho regional, sendo bem feito, irá, depois, dar frutos a nível nacional. Uma Associação deve apoiar institucionalmente o clube, por exemplo. Deve dialogar o mais possível com os clubes. Deve idealizar um bom calendário de regatas regional, competitivo e que não seja muito extenso. Deve ter uma excelente organização das mesmas. Estas são algumas das missões que me parece que uma Associação deve ter para com os clubes. Existem várias vozes que defendem a extinção das Associações. Não ia dar certo. Era a Federação que dava todo este apoio aos clubes? Impossível. A descentralização é essencial. Sei que existe uma ou outra Associação que não está a trabalhar com a intensidade ideal. Eu apelo aos clubes e às pessoas que estão na área a que pertencem essas Associações a que as dinamizem. Não podemos estar toda a vida de fora para depois vir criticar e dizer que não se faz e que não existem soluções. As pessoas têm que ser pro-activas e assumirem as suas ideias.

NdR – O que o levou a candidatar-se?
AB – Depois de eu ter estado afastado algum tempo do remo, sinto-me novamente com forças suficientes para fazer mais coisas no remo. Entretanto, soube que esta Direcção queria descansar e passar a pasta a novas pessoas. Também já chega de empurrarmos a Associação sempre para os mesmos. O problema é que ninguém se queria candidatar. Como eu tenho algum tempo e vontade de fazer algo pelo remo, decidi avançar. Desejo dar a visibilidade que o remo merece na sociedade e tenho a certeza que vamos conseguir! Não vamos fazer tudo de um dia para o outro. É preciso paciência, serenidade e humildade.

NdR – Como tem sido a reacção dos clubes até agora?
AB – Felizmente, a reacção tem sido excelente. Eu já fiz ver que não venho com um saco carregado de ideias para mudar tudo, até porque, às vezes, as pessoas alteram as coisas só para dizerem que fizeram. O meu objectivo não é esse, é ouvir todos os clubes, treinadores e alguns atletas e depois decidir. A Associação é feita pelos clubes, assim como a Federação é feita pelos clubes. Se bem que, às vezes, algumas pessoas esquecem-se disso e tentam mudar as coisas, quando todos estão a dizer para não o fazer. Já dizia o outro, "é a politica do quero, posso e mando" e, às vezes, é bem verdade.

NdR – Caso seja eleito, terá de começar por resolver o problema do director técnico regional (DTR). Já começou a pensar na solução?
AB – Se estamos a pensar no mesmo, parece-me que não temos qualquer problema com o DTR. Segundo sei, o DTR é uma escolha das Associações. Até porque me parece que na praça já foi dispensado um, pelo menos, pela própria Associação. Portanto, enquanto os clubes e a Direcção da Associação acharem que este DTR é o ideal, ele permanecerá.

NdR – Corre o risco de ser eleito e ter de passar o mandato em permanente conflito com a Direcção da Federação, uma vez que Rascão Marques se recandidata e foi pública a vossa desavença. Caso isso aconteça, como vai ser a convivência entre as duas instituições?
AB – Pela nossa parte, caso sejamos eleitos, não haverá qualquer tipo de conflito. Até porque vamos fazer cumprir o art. 12 dos Estatutos da Federação. A candidatura da minha lista não foi criada para entrar em guerra com ninguém. Foi criada, sim, para trazer mais valias para o remo e sempre com o pensamento em defender os direitos dos clubes e atletas da Associação. Quero com isto dizer e pegando num exemplo dado anteriormente que, caso os clubes e a Direcção da Associação entendam que deverão manter este DTR, ele permanecerá. Não estou a ver algo que nos impeça, nem a própria Federação. A não ser que haja alguma lei que eu desconheça...

NdR – O seu passado como dirigente não facilita a tarefa. Esteve poucos meses no CDUP e havia algumas discussões internas, sobretudo no modo como a secção devia funcionar em relação ao exterior (especialmente Reitoria). Teme algum estigma?
AB – O meu passado como dirigente dentro e fora do remo é bastante longo e, como tal, não me permite ter qualquer tipo de estigma.

NdR – Criou o primeiro sítio de remo, que já fechou. Entretanto, surgiram o Laststroke, o Notícias do Rio e alguns sítios e blogues de atletas e clubes. Como analisa o estado da divulgação do remo?
AB – Se estamos a falar nos sítios ou blogues, a divulgação é interessante, mas continua a ser fraca. Tem que ser mais ambiciosa, criativa e credível. Quando foi criado o Remoluso, não havia nada e o sítio que criei foi pioneiro em várias coisas. Prova disso é que as pessoas começaram a utilizar o Remoluso como um veículo onde podiam estar bem actualizados sobre tudo o que se passava no remo. É bom lembrar que o Remoluso já na altura foi reconhecido pela FPR como um sítio de confiança e credibilidade. Lembro-me de me terem dado um almanaque lançado fora do Pais, no qual tinha muitos sites internacionais e apenas aparecia o Remoluso a representar Portugal.
Posso dizer desde já que o Remoluso vai regressar, está apenas em fase de testes. Vai regressar muito em breve, com muitas novidades, de forma gradual. As pessoas vão poder discutir sobre remo de forma civilizada, porque quem se portar mal sai fora. Depois, vai haver a possibilidade dos atletas se poderem registar e apontar o treino que fazem, quer em terra, quer na água. Até estatísticas vão poder tirar sem qualquer custo. Isto nunca foi feito em Portugal.

1 comentários:

Super disse...

Parabéns Alex e boa sorte na missão a que te propões.
É importante "refrescar" o dirigismo e trazer ideias novas, assim como é fundamental ouvir e SABER ouvir todas as opiniões e pontos de vista.
Como sabes, podes contar com o meu apoio.