APRENDER DEPRESSA EM POUCO TEMPO

Mário Santos Costa, canoísta inglês, foi entrevistado pela Lusa e explica como «se fabrica» um atleta olímpico em Inglaterra.

O nome é português, mas Mário Santos Costa tem nacionalidade britânica e é pela equipa do Reino Unido que o jovem canoísta espera participar nos próximos Jogos Olímpicos, dentro de quatro anos, em Londres. Há um ano, Mário, filho de pai português e mãe inglesa, jogava futebol ao nível semi-profissional em Inglaterra e sonhava envergar a camisola do Benfica e, quem sabe, da Selecção Portuguesa. Entretanto, decidiu fazer testes no Reino Unido, onde vive, para praticar remo e acabou escolhido entre 4.000 candidatos para se dedicar a tempo inteiro à canoagem, treinando "seis dias por semana desde Janeiro".
"É um desporto diferente, mas decidi tentar e nem toda a gente tem a oportunidade de representar o seu país", disse Mário Costa, em entrevista à agência Lusa. A estreia na modalidade foi proporcionada por uma campanha nacional em Fevereiro de 2007 da UK Sport, um organismo governamental que promove a prática do desporto no Reino Unido, para encontrar "talentos" para praticar remo, andebol e voleibol. O objectivo foi encontrar elementos que pudessem reforçar as equipas nacionais destas modalidades e aumentar as hipóteses do país ganhar medalhas na terceira vez que os Olímpicos se realizam em Londres, depois de 1908 e 1948.
O evento foi bastante meadiatizado devido ao patrocínio do ex-remador Steve Redgrave, único britânico medalhista de ouro em cinco Jogos Olímpicos consecutivos (entre 1984 e 2000). Apesar de não ter sido bem sucedido nos testes para o remo, Mário foi chamado para experimentar a canoa e depois seleccionado com outros nove homens para um estágio de várias semanas que viu confirmar o seu potencial. Hoje restam metade que se dedicam a tempo inteiro à canoagem, entre os quais Costa, que deixou o emprego e a casa em Stevenage, dos arredores de Londres, e instalou-se em Nottingham, no centro de Inglaterra, onde treina cinco horas por dia. Por enquanto os rendimentos são "baixos", garantidos por uma bolsa de desporto, mas o jovem de 19 anos espera que o valor "melhore à medida que mostrar resultados".
No início de Julho, Mário Costa participou na primeira regata a nível nacional e venceu a final dos 500 metros e chegado em quarto na final dos 1000 metros, depois de ganhar as respectivas eliminatórias. Desde que começou também conseguiu reduzir os tempos e as perspectivas são optimistas para uma estreia internacional em competições de Sub-23 em 2009. "Estamos ainda a aprender depressa num curto período de tempo, mas o nosso treinador quer que cheguemos a um nível internacional no próximo ano", afirma Mário.
Para trás ficam 11 anos de futebol em clubes locais, modalidade que agora está impedido de jogar para "evitar lesões", apesar de sentir saudades da bola. Do pai, português, que "morreu um dia antes" de Mário nascer, herdou o nome e também a família que acolheu todos os anos em Portugal, onde sempre apoiou o Benfica. Nos últimos anos deixou de passar férias em Portugal, mas continua a gostar do país e quer "voltar em breve". Mário Costa diz que a questão de escolher entre representar o Reino Unido, país da mãe, ou Portugal nunca se colocou até entrar na canoagem. "Mas sempre pensei que, se jogasse futebol, gostava de jogar por Portugal", confia.
Agora está mesmo é concentrado na canoagem e pensa que tem "boas hipóteses" de representar as cores britânicas nos Olímpicos de 2012 graças ao treino intensivo que está a fazer. "Dizem que demoram oito anos a fazer um atleta e eu só tenho quatro", admite. "Mas estamos a aprender tudo depressa e, se fomos escolhidos entre 4.000 pessoas de todo o país devido à nossa força e preparação física," salienta, "agora é uma questão de aprender a técnica".

Fonte: BM./Lusa

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