NOTÍCIA SOBRE DESPORTO E TURISMO

Uma ideia à atenção dos agentes ligados às modalidades náuticas

Lisboa, 29 Set (Lusa) - Os eventos desportivos, nomeadamente na área dos desportos náuticos, podem aumentar os fluxos turísticos para o Algarve e contribuir para contrariar um eventual abrandamento da procura turística, segundo especialistas do sector.
Elidérico Viegas, presidente da Associação da Hotelaria e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), disse à Lusa que "os eventos desportivos, sobretudo os realizados de forma continuada para se afirmarem nos calendários, nacionais ou internacionais, contribuem para atrair fluxos turísticos importantes". O presidente da AHETA, que estimou uma quebra de cerca de 2 por cento nas taxas de ocupação da hotelaria em Agosto, indicou que, não dispondo das estatísticas de Setembro, não pode avaliar se provas como a do Campeonato do Mundo de Windsurf (9 a 14 de Setembro, no Alvor) contribuíram para atenuar a tendência negativa da procura.
Elidérico Viegas destacou que eventos como a Fórmula 1 em motonáutica e o Portugal Masters em golfe constituem "meios privilegiados" de promoção turística do Algarve. "Eventos como o do Campeonato do Mundo de windsurf, para além de trazer ao Algarve pessoas que giram em torno dessas realizações (organização, participantes na prova, patrocinadores, jornalistas), com aumento das taxas de ocupação, têm um efeito multiplicador na divulgação do destino", observou.
"O desporto é seguramente das actividades que melhor se interliga com o turismo", garantiu Elidérico Viegas, considerando que o desporto está hoje muito ligado ao lazer. O presidente da AHETA sublinhou que em Agosto não estiveram em média menos turistas no Algarve, mas as pessoas estiveram por períodos mais curtos, "a estadia média desceu".
O INE ainda não divulgou dados da procura turística em Agosto, mas os números de Julho revelavam que, embora o número de hóspedes da hotelaria portuguesa tivesse sido "sensivelmente igual" ao de Julho de 2007, as dormidas desceram 2,5 por cento, com quedas de 3,0 por cento no caso dos residentes e de 2,3 por cento nos oriundos do estrangeiro. No caso do Algarve, as dormidas recuaram 5,2 por cento homólogos em Julho, com redução de 11,4 por cento nas dormidas de britânicos e diminuição de 5,1 por cento nas de alemães.
João Luís Moita, vice-presidente da APAVT, sublinhou que o turismo do Algarve assentava em programas de uma ou duas semanas em voos charter, com serviços associados, mas o advento de companhias aéreas de baixo custo ("low cost") "generalizou estadias mais curtas e tornou mais difícil planear e consolidar as operações".
O dirigente da Associação Portuguesa de Viagens e Turismo (APAVT) afirmou à Lusa que o número de passageiros chegados aos aeroportos portugueses até aumentou em 2008 mas "o modelo de negócio turístico é que foi alterado com as 'low cost'". João Luís Moita assegurou que "as coisas não estão tão mal como se pintam" e revelou que as operadoras que fazem gestão de destinos e não operam com companhias aéreas de baixo custo aumentaram as vendas em Portugal.
O dirigente da APAVT considerou que "o turismo é hoje visto como uma necessidade e as pessoas continuam a ir de férias", podem é alterar destinos e reduzir despesas, sublinhando que "Portugal pode afirmar-se no turismo, apesar da crise" internacional. Para João Moita, "o Algarve tem uma costa fantástica e eventos na área dos desportos náuticos e outros, desde que programados atempadamente, podem atrair pessoas". "A área dos eventos, nomeadamente desportivos, é uma área a explorar e desenvolver para potenciar a procura turística", concluiu.
Em declarações recentes à agência Lusa, Elsa Pereira, professora da Universidade do Algarve, assinalou que as férias desportivas foram as que apresentaram a taxa de crescimento anual mais elevada entre 2001 e 2003, superior a 6,5 por cento, prevendo-se que até 2015 o turismo náutico seja um dos produtos turísticos com taxa de crescimento mais elevada, entre 8 e 10 por cento ao ano.
Elsa Pereira sublinhou que os dados da consultora Roland Berger indicam que as férias com práticas desportivas estão a crescer acima de 6,5 por cento ao ano desde 1995. Aquela professora universitária indicou que o turismo náutico representa cerca de três milhões de viagens por ano na Europa, a que acrescem 7 milhões de outros turistas que realizam desportos náuticos e passeios de barco durante as férias, estimando-se que até 2015 o turismo náutico mais do que duplique, para 6,6 milhões de viagens, um aumento de 9 por cento ao ano.
O gasto diário dos turistas náuticos situa-se entre 80 e 500 euros, em função do tipo de actividade e grau de sofisticação dos serviços náuticos e da categoria do alojamento escolhido, precisou. Elsa Pereira sustenta que "um dos produtos com grande potencial de desenvolvimento turístico e económico é o turismo náutico", em particular no Algarve, região de Lisboa e Madeira, o que implica parcerias estratégicas entre municípios vizinhos e o sector privado para a criação de estações náuticas, a exemplo de Espanha.

Fonte: Agência Lusa