JOANA COM DUPLO BRONZE

A júnior Joana Vasconcelos, do CN Crestuma, destacou-se na Selecção Nacional que participou no «Olympic Hopes» na Hungria.

A júnior do CN Crestuma conquistou duas medalhas de bronze na pista de Szeged em k1, nos 1.000 e nos 500 metros, e foi a única portuguesa a subir ao pódio. Nos 1.000, o k2 de Cristiana Pona e Joana Sousa, ambas do CN Ponte de Lima, ficou em quinto lugar, sendo que os restantes atletas lusos falharam a final.
“Não me surpreendeu que tivesse duas medalhas, porque depende do momento”, justifica o treinador José Cunha, ao NdR, argumentando: “Já vinha fazendo um bom trabalho. Venceu os 1.000 no Nacional de pista e precisava de algum tempo para subir o nível e obter bons resultados. Vinha dando boas indicações, já se bate com a Inês Esteves, a júnior [de segundo ano] do CN Milfontes que foi oitava no Europeu”.
O técnico que orienta Joana Vasconcelos desde os cadetes acredita que, se a júnior mantiver a forma como tem trabalhado, pode evoluir até ser uma atleta de referência a nível internacional: “Tudo depende do que ela fizer e dos projectos que tiver. É uma canoísta para ir a finais e, daqui a uns anos, discutir o estatuto de melhor sénior portuguesa. Tem uma estrutura muito boa e vontade de ferro e se for bem acompanhada, com organização de treino, pode ser das melhores do mundo”.
José Cunha acredita que, daqui a pouco tempo, a jovem do CN Crestuma pode bater-se de igual para igual com Teresa Portela (GCDR Gemeses), que aos 20 anos é melhor sénior portuguesa: “Tem outra estrutura, outra compleição física, pode até ultrapassar a Portela. Tem tempos abaixo dos dois minutos, que são muito raros na canoagem feminina portuguesa. Tem muito potencial para evoluir, agora falta é desenvolver essas potencialidades, há que ajudá-la a evoluir”.
As duas medalhas da jovem gaiense são, por outro lado, um alerta atempado para o actual estado da formação em Portugal. “Os resultados foram um bocado abaixo do que estávamos habituados. O Emanuel Silva foi campeão do mundo júnior, a Portela ia às finais, agora vamos a competições com algum nível e o balanço não deixa a canoagem portuguesa muito bem. Em 2003, fomos a finais e o pior resultado foi um sexto, eram só quatro atletas. Este ano, foi o dobro [ao Europeu] e só houve uma final. Há que pensar um bocado no que se passa com as camadas jovens”, argumenta.
José Cunha lamenta que “os atletas sejam retirados aos clubes” e salienta o exemplo do k2 do CRP Arnelas, que tem dominado a nível nacional e que foi “estragado” nesta prova “para fazerem tripulações com outros colegas”, abdicando de “um plano de treinos de 365 dias”. E há outros casos: “A Inês Esteves era uma atleta de excelência e foi oitava no Europeu, muito abaixo da Teresa Portela. O Carlos Rocha, o melhor júnior [no «Olympic Hopes»], estava de fora da Selecção”.
“Já tivemos muitas medalhas nesta prova, inclusive de ouro, começa a ser um problema se só tivermos duas de bronze. Estavam bons países, como a Hungria e Alemanha, mas não havia muita competição, havia duas eliminatórias e ia-se logo às finais. Mesmo assim, não fomos a tantas como devíamos. Tivemos vários resultados em que Portugal foi último na eliminatória. O Márcio Mesquita e o Rui Silva [do CRP Arnelas] não ficariam em sextos se tivessem ido juntos no k2”, reforça.
O treinador (e presidente) do CN Crestuma admite ainda que “começa a sentir-se medo de falar”, mas salienta que é importante debater o estado da formação. “É preciso que não se acomodem, porque isso leva a muitos maus resultados”, alega.
Nos 500 metros, Portugal atingiu ainda um sétimo lugar com o k4 de Mafalda Ribeiro (ACR Saavedra Guedes), Cristiana Pona, Joana Sousa e Joana Vasconcelos e dois oitavos com o k4 de Diogo Lacerda (CN Ponte Lima), Márcio Mesquita (CRP Arnelas), Carlos Rocha (CN Crestuma) e Rui Silva (CRP Arnelas) e o k1 de Mafalda Ribeiro.

0 comentários: