"NÃO HÁ COMUNICAÇÃO POR PARTE DA FEDERAÇÃO"

Jorge Cardoso, treinador do Sport Club do Porto, é a sombra do doublescull nacional que vai tentar o apuramento para os Jogos Olímpicos. Antes da Taça do Mundo de Munique, o técnico analisa o trabalho desenvolvido por Pedro Fraga e Nuno Mendes e lamenta que a tripulação com melhores resultados nos anos mais recentes não tenha um apoio proporcional.

Que podem Fraga e Mendes fazer nesta Taça do Mundo, depois do bom registo em Piediluco?
Vamos fazer o possível para chegar ao objectivo de superar os nossos concorrentes. O Pedro e o Nuno estão motivados, apesar do apoio federativo não estar ao nível que a gente quer, sobretudo monetário. Têm feito muitos sacrifícios, tal como o clube, que vai suportando muita coisa. Eu, como técnico, também vou suportando alguma coisa. Também não há comunicação por parte da Federação.

Essa falta de apoio nota-se, por exemplo, nos estágios que têm efectuado?
Para já, não temos tido qualquer apoio. Quando fomos para o Pocinho, teve de ser o clube a levar o barco para os atletas, senão tinham de ficar quatro ou cinco dias sem treinar. O clube está disponível e os atletas estão a dar tudo por tudo. A Federação entende que tem de ser no Pocinho, o clube está a suportar as despesas, não sei como é que a Federação vai reagir. Agora, estiveram a treinar em Montemor. Eles vão fazer uma prova de pista, não se deve treinar no Pocinho, a profundidade do rio é muito diferente e não corresponde à realidade. Nesta altura, têm de treinar na pista. [Em Montemor] temos os perfis, já sabem quanto fazem aos 250 metros, aos 500, por aí adiante.

Salientou a falta de comunicação. A Federação tem acompanhado o trabalho do «double»?
Não há uma palavra de apreço, nem perguntam como estão a treinar, como se sentem, ninguém se preocupa. Estamos a trabalhar à parte, a Federação deixa que tentemos ir aos Jogos, mas não há comunicação. O seleccionador nacional disse simplesmente para fazermos o nosso trabalho, sem entraves. O que entendo é que a responsabilidade é nossa. Se conseguirmos, o mérito é nosso; caso contrário, nós é que estragamos o trabalho todo.

Ao menos foi a Federação a levar o barco para Munique?
Foi a Federação. Vamos com o barco que o clube comprou, com muito esforço, e já se viu o resultado. O andamento é completamente diferente. A Federação diz que não tem dinheiro, mas comprou um «double» feminino que ficou além das expectativas. Para eles, que estão a tentar o apuramento e fazem 14 treinos por semana (duas vezes por dia, algumas ocasiões às 19h00 ou 20h00), não se comprou um barco. É a Federação que temos.

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