COESÃO EXPLICA TÍTULO DA ACADÉMICA

Júlio Amândio ingressou como treinador na Associação Académica de Coimbra (AAC) e, no final da temporada, levou a «briosa» ao inédito título de campeã nacional, culminando com uma década de domínio do Fluvial Portuense.

Júlio Amândio não conseguiu tirar o N0 federativo em 1999 e virou o leme noutra direcção, tirando a licenciatura em Treino Desportivo de Alto Rendimento na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, seguida pela pós-graduação em Psicologia do Desporto e da Actividade Física no Instituto Superior de Psicologia Aplicada em Lisboa. Após duas temporadas a treinar o CN Setubalense (2005/06 e 2006/07), foi convidado para treinar a Académica e, no ano de estreia em Coimbra, levou os «estudantes» a um inédito título de campeões nacionais por clubes. Em entrevista ao NdR, Júlio Amândio admite que Sara Silva tem capacidade para chegar aos Jogos de Londres 2012 (embora evitando referir-se ao polémico processo de exclusão da Selecção em que a remadora se viu envolvida) e salienta que, num título colectivo, não há lugar para vaidades individuais.


A Académica é campeã nacional por clubes. Contava chegar ao final da temporada com este título?
Sim. Na verdade, esse sempre foi o objectivo. Antes de estar na Académica trabalhei num clube que apostava apenas numa tripulação, embora o objectivo fosse sempre vencer. Sempre acreditámos que era possível trabalhar da mesma forma com várias equipas. A AAC foi, desde o início, um desafio neste sentido. É óbvio que, no princípio, as coisas foram mais complicadas, até porque, como foi visível, esta foi uma época de grandes mudanças no remo de Coimbra e muitas das ideias que trazia eram novas ou diferentes do habitual. No entanto, sempre estive rodeado de pessoas que tornaram o difícil muito mais fácil.

O que foi mais surpreendente: conquistar o título ou terminar com uma década de domínio do Fluvial?
É óbvio que o mais importante foi conquistar o título pela primeira vez na história da AAC e do remo português. Nunca foi a nossa política ficar contentes com o insucesso de outras equipas, até porque, pessoalmente, foi uma honra competir com o Fluvial.

Qual o segredo deste triunfo?
Os segredos que fazem a diferença são sempre as coisas mais simples. Foi dar um objectivo colectivo a toda a equipa e fazer com que todos fizessem força no mesmo sentido. A coesão e trabalho de equipa foram, sem dúvida, as chaves do sucesso. Não tínhamos atletas fortes nem fracos, treinadores melhores ou piores, nem dirigentes mais ou menos interessados. Tivemos apenas uma «pessoa» que se chamava AAC e essa foi a chave do êxito.

A nível regional, qual o balanço de 2007/08?
Não sou a melhor pessoa para avaliar o último ano da associação [ARBL], pelo simples motivo que no ano anterior estava num clube da ARS. Pelo que vi, esta associação tem o mérito de ter regularmente actividade para os atletas mais jovens, o que é algo de muito importante no desenvolvimento dos clubes da região. Prima também por ser a associação à qual pertencem os clubes que se classificaram nas primeiras duas posições do «ranking» da época transacta.

Depois de todo um percurso no CN Setubalense, surpreendeu-lhe que a AAC lhe tenha confiado o comando técnico do remo?
Não, não me surpreendeu. Julgo que, acima de tudo, foi uma aposta em duas vertentes importantes: formação e inovação (novas e diferentes ideias). Talvez por não me conhecerem bem pudessem correr determinados riscos, mas essa decisão também foi tomada após me observarem e ouvirem opiniões de outras pessoas que me conhecem melhor e há mais tempo.

A Académica pontuou bastante no feminino, sobretudo com Sara Silva e as irmãs Maria Mesquita. A nível individual, quem é que merece destaque dentro do actual plantel?
Na verdade, a AAC venceu tanto no sector feminino como no masculino. Não creio que alguém se tenha destacado em particular. Na verdade, é o conjunto que se destaca. Todos são importantes da mesma forma, independentemente da idade ou género. Eleger alguém num título colectivo seria injusto para os que não são referidos e merecem o mérito de igual forma. Não posso aqui escrever todos os nomes, como é óbvio. Esta é também a mensagem que deixo a todos os atletas que trabalham ou podem vir a trabalhar comigo: os nomes não me dizem nada. O que importa é o trabalho que se faz e a humildade que se tem para trabalhar.

Começou já um novo ciclo olímpico. Sara Silva tem potencial para estar em Londres?
Entendo como potencial uma série de factores de ordem física, mental, social, entre outros. Para chegar ao mais alto nível mundial não basta reunir alguns. Acredito que existem em Portugal alguns atletas que reúnem estes grupo de qualidades. No entanto, todas as grandes caminhadas começam com pequenos passos. Para se chegar a algum lado, é necessário traçar um rumo e caminhar nessa direcção. Tenho a certeza que quem trabalhar dessa forma chegará, mais tarde ou mais cedo, ao seu destino. Como português, gostava de ver vários barcos nesses Jogos!

Que outros barcos podem alcançar essa meta?
Existem vários atletas em Portugal com potencial e vontade, tal como existem alguns que apenas aparentam ter potencial. Quando olho para o panorama do remo nacional, apenas consigo ser optimista. Existe talento e condições para fazer grandes trabalhos. Torna-se até fácil quando se gosta mesmo de trabalhar. Não acredito numa estratégia que se baseie em sacrifícios. Todos os atletas que se sintam realizados a remar, que gostem de treinar e competir, que saibam bem onde querem chegar e caminhem nessa direcção, invariavelmente têm potencial para chegar longe, mesmo que não tenham dois metros de altura. Quem acha que faz sacrifícios demais não chega longe.

Esta foi também a temporada em que o novo Posto Náutico ficou pronto. Do ponto de vista do treinador, como é o novo equipamento?
O novo equipamento faz parte da mudança que se deu na AAC este ano. Penso que é, acima de tudo, a «nova cara» do remo em Coimbra. O espaço exterior é fantástico. Em termos de arquitectura, funcionalidade e aproveitamento de espaço não é perfeito, mas foi, sem dúvida, um aspecto fundamental na nossa mudança. Esta mudança ainda não terminou e ainda existem situações que a curto prazo serão melhoradas. Esta dinâmica é um estímulo para os que frequentam diariamente as instalações. Estamos em constante melhoria e isso reflecte-se na competição.

Está a começar a nova temporada. Quais os objectivos da Académica?
Os objectivos estes ano são muito simples: vencer a AAC de 2007/08! Este é o grande desafio para esta temporada.

22 comentários:

Anónimo disse...

A Sara é uma grande atleta... e não precisa da ACC para se afirmar! já nada nisto há muito tempo!

Anónimo disse...

Li a entrevista muitas vezes e com muita atenção e não percebi bem onde é que foi referido que a Sara tinha potencial para estar em Londres.. Será que o o jornalista foi tendencioso ao ponto de inventar?..

Em relação ao comentário anterior da Sara acho muito bem que não precises! Assim e que é! Continua a ganhar as pequeninas pk com as grandes e mais dificil!

Anónimo disse...

Vaidades individuais!!!! Vamos ver agora com a namoradinha do Sr treinador a remar no seu clube quem tem vaidades individuais!!!!! A Sara pode tem as vaidades que quiser pois nunca foi a um campeonato do mundo sacar um humilhante ultimo lugar e mesmo assim julgar-se a rainha do remo nacional como a Sr Vitoria ( vitoria apenas e só de nome)!!!!

Anónimo disse...

sao estes tipos de invidualismos que n deixam crescer o remo em portugal, na noticia diz que o que importa e a uniao e n essas ideias retrogradas.... tenho muita que estas pessoas lendo a noticia n s conscializem e ainda pior vao comentar coisas destas dpois.... ela rema muito bem e verdade! mas se n for humilde, trabalhar e ouvir criticas para melhorar n vai a lado nenhum, e pena mas e verdade...

Anónimo disse...

Por acaso essa vitoria (150 cm), ate ja ganhou a sara (180cm..) humilhante nao e???

Heráclito Guimarães disse...

Parabéns ao Noticias do Rio pela entrevista.

Parabéns à AAC pelo trabalho, sem dúvida JC que o sucesso vem do trabalho em EQUIPA.

JMR disse...

Mário Branco, lamento que não acompanhe o percurso dos nossos melhores remadores e, consequentemente, se questione se eu fui tendencioso. Sara Silva foi a melhor remadora portuguesa no Mundial de 2006, uma das poucas que levou Portugal a uma final C no Mundial de 2007 e, como referiu o seccionista da Académica (Luís Maricato) quando ela foi excluída da Selecção, "tem um perfil fisiológico muito fora do comum, o qual foi considerado pela Faculdade de Desporto da Universidade de Coimbra como o melhor para o remo nacional". Espero que uma universidade não seja considerada tendenciosa.

Anónimo disse...

eu n costumo comentar blogs...mas ja ha algum tempo que venho a seguir as noticias de todos um pouco...em nenhum ha sinais de uniao entre as pessoas, pelo contrario, ve se pessoas a insultarem se apenas por terem pontos de vista diferentes...a AAC consegui chegar ao 1º lugar do ranking nacional...nao foi facil. ha sempre pessoas a pensar de modo diferente, discussoes e confusoes. a grande diferença da AAC foi parar e pensar: porque estamos a discutir? porque estamos a lutar se o nosso objectivo e o mesmo?... foi assim que a AAC conseguiu chegar ao topo, nao foi um, foram todos. todos contribuiram e trabalharam em conjunto. agora e importante pensar que isto pode ser feito nao so na AAC mas em todo o remo nacional. nao devemos mandar todos, mas devemos trabalhar todos, mesmo quando e dificil, especialmente quando e dificl. se todos queremos o mesmo porque nao unirmo nos para o conseguir? podiamos pensar melhor no assunto...

Anónimo disse...

Excelente pessoa, grade homem, grande treinador e MUITOS PARABENS...e continua a fazer o bom trabalho que tens feito ate agora.

Anónimo disse...

Curioso como o bom trabalho de um treinador pode ser ofuscado por uma polémica sem sentido. Retirem os pontos que a Sara conquistou este ano e façam as contas a ver quem ganhava o Ranvking... Pois, parece que era na mesma a AAC... Moral da história: a força resulta da união de uma equipa, não do valor de um atleta individual. Por muito bom que ele(a) seja...

Anónimo disse...

Infelizmente continuam a ser permitidos comentarios anonimos e insultuosos.

Parabens ao NdR pela entrevista e iniciativa.
Parabens ao Julio pelos resultados como treinador.
Parabens a AAC por ganhar o titulo nacional com merito.

Anónimo disse...

Muitos parabéns à AAC pela conquista do título nacional. Este título mostra o grande empenho colectivo desta equipa bem como o enorme valor da sua equipa técnica

Anónimo disse...

Notei que o meu segundo comentario nao foi publicado.. Dizia muitas verdades?

Anónimo disse...

Parabens pelas conquistas...espero que continue assim...

JMR disse...

Mário Branco, não apareceu "segundo comentário". Esteja à vontade de o submeter novamente.

Anónimo disse...

Não queria alimentar polémicas.. Mas dizia apenas que na entrevista afirma que foi o técnico quem disse que essa atleta tem potencial. Não encontro lá isso, não pondo no entanto em causa que alguem (universidade ou dirigentes)o tenha dito..

JMR disse...

Mário Branco, só tem de ler novamente. Eu questiono se a Sara "tem" potencial e o Júlio nunca responde com o nome dela, diz que há "alguns atletas" com potencial.

Anónimo disse...

grande entrevista! tive o prazer e a grande sorte de ser treinado pelo o julio no setubalense. Nos dois anos que fui treinado por ele posso dizer que foi o melhor treinador que tive!!! é verdade que nao tive muitos mas destacou-se de todos os outros de longe. A académica acertou em cheio no treinador á um ano.só quero desejar a ele e á académica boa sorte para esta época e que ganhem outra vez.

Mifá disse...

Parabéns ao Júlio o Treinador, grande feito!! Quem o conhece sabe que é muito bem merecido e continuamos sempre à espera de mais e mais porque TU CONSEGUES, Júlio! Viva a coesão!
ÉS GRAAANDEEE!!!!!!
Beijinhos

Anónimo disse...

Em primeiro lugar parabens a todos os remadores da AAC pela conquista do campeonato.
Que conste que o treinador se deu ao luxo de "expulsar" alguns atletas da equipa,talvez porque não goste deles ou talvez porque não remem tão bem quanto os outros...Digo-talvez-porque o treinador confrontado com atitudes por ele tomadas,não apresentou qualquer motivo que as justificasse,principalmente quando se humilha uma atleta dedicada...
Para se ser um bom treinador,não basta ser bom tecnicamente,tambem se deve ter CARACTER e estar munido de um forte sentido de liderança.Nunca ser ditador,ser sim LIDER e um exemplo a seguir-o que não é o caso!
Um treinador sem atletas não ganha nada.

Pedro Oliveira

Anónimo disse...

acho que com tudo aquilo que júlio fez e demonstrou ser capaz merece sem dúvida o respeito de todos no remo nacional.quanto aqueles que nos seus comentarios nao o criticam, mas sim o insultam entao arranjem um clube, e comecem a treina-lo e se esse clube no primeiro ano em que o treinarem for campeao nacional entao eu virei aqui e dar-vos-ei os parabens

Anónimo disse...
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