SARA SILVA CAMPEÃ PELO SPORT

Sara Silva renovou o título de campeã nacional de ergómetro em consagrados no dia em que se apresentou com a camisola do Sport Club do Porto.

Sara Silva foi a grande novidade do Open de Indoor, realizado hoje em Coimbra. Se o triunfo no Campeonato de ergómetro era esperado, a recordista nacional surpreendeu ao aparecer em Coimbra com a camisola do Sport Club do Porto. “Desde Agosto que a Académica como que me expulsou. O ano passado foi a Selecção, este foi a Académica”, desabafa a atleta, justificando a opção pelo clube portuense.
Em causa está a política definida pelo clube, que colidiu com o trabalho da internacional. “No início da época, informaram-me que no clube só podiam estar os atletas que sejam treinados pelo treinador [Júlio Amândio]. Há pelo menos seis anos que eu sou treinada pelo fisiologista da Faculdade de Desporto [Universidade de Coimbra], professor Amândio Santos. Estava na Académica há duas épocas e já sabiam disso. Este ano, impuseram essa regra. Também é curioso que eles vão pedir ajuda ao Amândio, tal como a Selecção, para testes de CO2 e outros”, afirma.
“Quando fui para lá, disseram-me que ia ser treinada por ele [Amândio Santos] e, embora dissessem que não queriam, acabaram por aceitar. Já foi complicado no ano passado, muitas vezes inscreviam-me em provas e nem me diziam. Havia provas em que nunca pus em causa não ir, como o Nacional de ergómetro, e duas semanas antes, quando falei com o treinador, ele disse que me ia inscrever”, acrescenta Sara Silva.
A atleta lamenta que façam “uma telenovela” à volta da carreira dela, desvalorizando o valor de uma campeã nacional por 51 ocasiões, 33 delas na água (20 em skiff) e 18 no ergómetro – e hoje somou mais um título, ao vencer o Open Indoor 2008 em consagrados. Estudante de Medicina na Universidade de Coimbra, Sara Silva cumpre agora o sexto ano profissionalizante, com mestrado integrado, o que implica a presença em valências com diferentes turnos horários. “Nestes últimos três meses estive em clínica geral, a fazer o que o meu tutor dizia”, exemplifica.
Isto obriga Sara Silva a treinar, por vezes, só depois das 22h30, como aconteceu ainda durante a semana passada. “Ainda tenho de estudar e fazer trabalho de mestrado”, complementa. Sendo já difícil conciliar os horários do percurso universitário com a actividade desportiva, a remadora lamenta que “existam estas forças exteriores a mandar-me para baixo”.
A recordista nacional (6m54, em 2001) acrescenta: “não ia deixar o meu treinador por outro que mal conheço. Se tenho sucesso com quem trabalho, por quê mudar? Sei que treino com qualidade, nomeadamente em termos fisiológicos”.
Desagradada com a Académica, a atleta colocou sempre o Sport Club do Porto como primeira opção, dada a situação semelhante vivida pelo LM2X de Pedro Fraga e Nuno Mendes, que seguiam um plano de treino traçado por um fisiologista [Eduardo Oliveira] externo ao clube. “Pensei que não me iam dizer não, que era um clube já com estabilidade normal para receber atletas desta forma”, justifica.
Sara Silva recusa ainda que se diga que treina à parte dos colegas de clube, afirmando manter-se em ligação constante com os dirigentes e treinador do Sport. “A recepção foi fantástica, fui tratada da melhor maneira”, elogia a atleta, confessando que ao início sentia algum receio por ser “um clube mais distante” em termos geográficos.
A única tristeza deste início de época é o facto de não poder fazer parte do quadriscull feminino, embora não esteja posta de lado a colaboração noutras tripulações. “Ficou estipulado que a prioridade é o skiff em determinados nacionais e tripulações quando o clube quiser. Só que, quando a época começou, fizeram uma tripulação e não iam desfazer o trabalho só porque eu cheguei. Fiquei triste, mas é claro que percebi, também não queria passar por cima de quem lá estava”, adianta Sara Silva.
Os resultados do Open Indoor 2008 podem ser consultados nesta página da Académica.